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domingo, 7 de outubro de 2012

O Drama como método de ensino - Beatriz Cabral



 Drama: Teoria e Método

“O Drama, uma forma essencial de comportamento em todas as culturas, permite explorar questões e problemas centrais à condição humana e oferece ao indivíduo a oportunidade de definir e clarificar sua própria cultura.” (p. 11)

“É comum o uso de convenções e técnicas teatrais do primeiro e do segundo graus, usualmente como elementos facilitadores da aquisição e fixação de conhecimentos. Entretanto, seu uso em si, distanciado de um contexto dramático, não vai além de uma estratégia dinâmica de conhecimentos. O potencial estético do teatro na educação, de conhecer e sentir (envolvimento emocional) perde-se ao se separar técnicas teatrais do contexto dramático.” (p. 11)

“O drama como método de ensino, eixo curricular e/ou eixo gerador constitui-se atualmente numa subárea do fazer teatral do fazer teatral e está baseado num processo contínuo de exploração de formas relacionadas com um determinado foco de investigação.” (p. 12)

“Ao fazer o teatro/drama, entramos em uma situação imaginária – no contexto da ficção.  A aprendizagem decorrente emerge desta situação e do fato de termos de responder a ela, realizar ações e assumir atitudes nem sempre presentes em nosso cotidiano.” (p. 12)

“O contexto da ficção permite focalizar ou desafiar aquilo que é normalmente aceito sem questionamentos, [...] possibilitando a experiência de respostas  ou atitudes reais como se estas fizessem parte do universo imaginário.” (p.12)

“Contexto e circunstancias são convincentes, primeiramente pela sua coerência interna, e este dependerá do acesso as informações e material de pesquisa disponível ao grupo.” (p. 13)

“[...] a situação dramática pode tornar-se convincente pela interação entre o contexto da ficção, o contexto social e o contexto da interação cênica.” (p. 13)

Contexto de ficção- seleção que focaliza seres humanos, seus relacionamentos e o contexto de existir se aquele fato fosse real.
“A ênfase no contexto da ficção traz à tona questões referentes à história de vida e memórias, ambas usualmente privilegiadas no fazer teatral em escolas e comunidades” (p. 13)

“O contar história é assim uma reconstrução proposital do evento tanto pela perspectiva do narrador quando do investigador ou receptor. Este fato liga o contar histórias, e em decorrência o coletar memórias, ao fazer artístico. A credibilidade da narrativa está assim associada ao ser convincente, à possibilidade de que os eventos narrados sejam percebidos (sentidos) pelo receptor de maneira pela qual o narrador os está afirmando.” (p. 14)


“A investigação das memórias fica dessa forma situada entre intenções e reconstruções; é isto que situa o processo artístico” (p. 15)

Para Cecily O’Neil o roteiro vem a ser um estímulo que promove o aluno um crescimento orgânico do processo. É um suporte para os demais significados a serem explorados.

“O pré-texto é, assim, não apenas um estímulo; sua função é bem mais ampla. Enquanto o estímulo sugere a idéia ou a ação inicial, o pré-texto indica não somente o que existe anteriormente ao texto (contexto e circunstâncias anteriores), mas também subsidia a investigação posterior, uma vez que introduz elementos para identificar a natureza e os limites do contexto dramático e dos papéis dos participantes.” (pag. 15)

“O drama, enquanto processo,  muitas vezes está desvinculado de um texto dramático ou de um script. Entre as razoe apontadas pelos professores, estão a dificuldade de encontrar o texto adequado às situações que se quer explorar, a necessidade de responder ao interesse imediato do grupo, o número de alunos envolvidos, etc.” (pag. 17)


“A figura do professor-personagem como uma forma de avaliar o conhecimento e envolvimento adquiridos até então e sugerir aspectos a serem envolvidos posteriormente. Ele interage com os alunos em contextos diversos, utilizando diferentes códigos lingüísticos para desafiar posturas, ações e atitudes.” (pag. 19)


“O papel assumido pelo professor pode ser metaforicamente representado como o de um obstáculo, o qual os alunos precisam superar por meio de argumento, da negociação iu do compromisso” (pag. 20)


“Ambientação cênica e teatralidade referem-se à possibilidade de levar os participantes a participar de uma realidade virtual, de se envolver na fantasia despertada pelo contexto da ficção intensificado pela participação ativa num evento teatral” (pag. 30)


Drama como eixo curricular no ensino Fundamental

“A natureza do drama tem a ver com descobrir e redescobrir novas dimensões no material sendo investigado. [...] o aluno ao investiga as respostas o fará de acordo com suas necessidades e interesses, caracterizando-se assim como produtor dos conhecimentos adquiridos em vez de mero reprodutor que lhe é passado pelo professor.” (pag. 33)

O contexto dramático

“o desenvolvimento do processo a partir de, e delimitado por, um contexto dramático torna-se fundamental para abordar o drama como eixo-curricular.” (pag. 36)

“O estímulo composto reúne um conjunto de artefatos - objetos, fotografias, cartas, cartas e documentos em uma embalagem apropriada. A história que se desenvolve a partir dele ganha significância através do cruzamento de seu conteúdo – e como os detalhes de cada um sugerem ações e motivações humanas.” (pag 36) 

Comentário:

Biange apresenta neste livro uma nova metodologia onde o professor tem a possibilidade de imergir o aluno num universo ficcional: o drama. Didaticamente, representa primeiramente a retirada do poder criador e centralizador dos conceitos da obra do professor, que passa então a estimular o aluno a suas próprias criações. Para que o drama funcione, deve despertar o interesse do aluno. Por tanto, deve ser ter ressonância com sua realidade ou interesses. Também deve estar bem contextualizado, com fatos históricos e geográficos coerentes. Isso implica numa pesquisa que deve ser feita pelo professor que extrapola o conhecimento segmentado na área de artes e abrange outros saberes: os matemáticos, físicos, geográficos, históricos, linguísticos.
Para que o aluno não se veja perdido em meio a esse mar de informações, é comum os episódios do drama serem conduzidos pelo professor personagem, dividido em seus graus de autoridade, a depender do tema proposto. É extremamente importante deixar que a criança tome suas próprias decisões. O aluno conseguirá alcançar sua autonomia no jogo, e na sala, quando o professor permitir que ele se torne autônomo. Ao docente, cabe aceitar e mergulhar no jogo proposto pela criança, tomando o devido cuidado para que se mantenha o foco do jogo, fazendo perguntas quado for necessário.

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